Mais de 47 milhões de indivíduos podem estar sendo vigiados através de reconhecimento facial

Por Publish Publish
Postado em , atualizado em: 18/12/2023, 10:11

Foto Fernando Frazão

O estudo realizado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) apontou que quase 48 milhões de brasileiros estão potencialmente sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial no país, o que representa cerca de 20% da população. O levantamento foi realizado com base nos locais que utilizam essa tecnologia e revelou que existem pelo menos 165 projetos de videomonitoramento com reconhecimento facial em todo o país. Na Região Sudeste, por exemplo, há 21,7 milhões de pessoas sujeitas a essa tecnologia, enquanto no Nordeste são 14,1 milhões.

Um levantamento indicou que a Bahia investiu R$ 728 milhões na ferramenta, enquanto Goiás tem o maior número de projetos ativos (64) executados pelos municípios.

Segundo a coordenadora do estudo, Thallita Lima, a tecnologia de reconhecimento facial precisa ser mais bem pensada e regulamentada, antes de ser tão amplamente utilizada. Ela questionou a eficiência da tecnologia, uma vez que não há efeitos práticos na redução da violência, onde ela tem sido usada.

É importante lembrar que a tecnologia é apenas uma ferramenta e, como tal, não pode ser vista como infalível. É fundamental que as autoridades e empresas que utilizam essa tecnologia sejam cuidadosas e considerem todas as possíveis falhas antes de tomar qualquer decisão com base nos resultados fornecidos pela tecnologia de reconhecimento facial.

“A gente tem estudos, desde 2018, que mostram que as tecnologias de reconhecimento facial são enviesadas e, portanto, vulnerabilizam principalmente grupos minoritários, como pessoas negras, mulheres negras em especial, pessoas não-binárias. Por isso, a gente precisa refletir quais são os riscos quando a gente usa essa tecnologia de forma tão ampliada no nosso espaço urbano”, explicou a pesquisadora.

Além disso, Thallita questiona ainda os gastos necessários para a implantação dessa tecnologia, inclusive em cidades pequenas que não enfrentam grandes problemas em relação à violência.

Tecnologia é usada como ferramenta em políticas de segurança pública

“A tecnologia de reconhecimento facial, pelos levantamentos, não tem sido eficiente para modificar a experiência da insegurança nas cidades e os indicadores de segurança pública. E é muito cara. Será que vale a pena investir em algo que a gente sabe que não vai dar certo?”.

Fonte Agência Brasil

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